Autor(a):

António Guerreiro
António C. Guerreiro

A

A todos que querem calar minha fonte

Toldar a sua voz e secá-la, dá-la por murchada

Para que dela nada brote de minha fronte

Ou só brote estagnada água suja e conspurcada

B

A todos que querem calar minha fonte

Sua voz fazê-la emurchecer

A tudo que procure intoxicar minha fronte

A tudo que a intente enfraquecer

C

A todos que querem calar minha fonte

A todos que querem ensombrar sua voz

A tudo que sobre mim queira desvanecer minha fronte

A tudo que sobre mim tencione cair de forma atroz

D

Anuncio e declaro que não farei da minha vontade

A vontade do que quer que seja

Em tormentosa ou silenciosa tempestade

De quem quer que não queira ser, não seja

E

Guio-me pelo dano que não quero causar

Pela certeza de que construir é edificar

Pelo desejo de alcançar

O estado de fecundar, vivificar

F

Insuflar alentada vida activa acontecida

Tecer lavrado cavado ninho

Inspirar ardente, aromática essência sentida

Eleger nascido, gerado caminho

G

Pois vibro pelo meu passo

Do que em mim acendo

Do que em mim construo e faço

No regaço do que sou sendo

O poema não segue o Acordo Ortográfico; não tem título; assino como António C. Guerreiro

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AUTOR(A)
António Guerreiro
António C. Guerreiro

António Guerreiro escreve poesia desde 1997. As influências e referências vêm dos últimos anos do liceu: Camões, Almeida Garret, Antero de Quental e Fernando Pessoa.

Os temas mais comuns relacionam-se com a natureza (o mar, a água, a terra, a árvore e a flora, a tempestade, o sol, as estrelas, etc.) associados à condição humana, à consciência da vida, à profundidade da experiencia, ao crescimento interior, à viagem, à expansão, à descoberta e à superação.

Entre 2005 e 2017 a sua voz amadureceu e tornou-se mais definida. Neste período usou sobretudo a quadra com rima alternada. Desde 2018 tem experimentado a quintilha e o sexteto entre outras formas que possibilitam uma maior margem de expressão.

Pretende começar a publicar.

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