A
A todos que querem calar minha fonte |
Toldar a sua voz e secá-la, dá-la por murchada |
Para que dela nada brote de minha fronte |
Ou só brote estagnada água suja e conspurcada |
B
A todos que querem calar minha fonte |
Sua voz fazê-la emurchecer |
A tudo que procure intoxicar minha fronte |
A tudo que a intente enfraquecer |
C
A todos que querem calar minha fonte |
A todos que querem ensombrar sua voz |
A tudo que sobre mim queira desvanecer minha fronte |
A tudo que sobre mim tencione cair de forma atroz |
D
Anuncio e declaro que não farei da minha vontade |
A vontade do que quer que seja |
Em tormentosa ou silenciosa tempestade |
De quem quer que não queira ser, não seja |
E
Guio-me pelo dano que não quero causar |
Pela certeza de que construir é edificar |
Pelo desejo de alcançar |
O estado de fecundar, vivificar |
F
Insuflar alentada vida activa acontecida |
Tecer lavrado cavado ninho |
Inspirar ardente, aromática essência sentida |
Eleger nascido, gerado caminho |
G
Pois vibro pelo meu passo |
Do que em mim acendo |
Do que em mim construo e faço |
No regaço do que sou sendo |
O poema não segue o Acordo Ortográfico; não tem título; assino como António C. Guerreiro