Uma criança brinca com um carrinho
quando chegam mais três crianças e a rodeiam num círculo.
E mais seis, e mais nove.
E vão formando um círculo tão grande
que já passa para lá do jardim
onde a primeira criança
brincava sozinha com um carrinho.
Um círculo colorido
com uma roda de cada cor
e as sete cores do arco iris.
Juntou-se uma multidão a ver o que se passava.
As crianças iam chegando,
mais e mais,
com os cabelos coloridos
e os olhos a brilharem de uma alegria contagiante.
Chegaram bandas de música de bonecos animados.
Um hipopótamo, que tinha sido eleito o maestro,
caiu para trás,
num movimento de batuta menos ensaiado,
que provocou uma gargalhada geral.
Teve de ir quase metade da banda buscá-lo.
O terreno era inclinado
e o maestro rebolou até um pequeno lago
de onde os peixes ainda conseguiram saltar a tempo.
Era a união entre Deus e os homens.
O lugar da Luz.
Noutra zona do planeta
outra criança brincava com um carrinho
quando chegaram mais três crianças,
em carrinhos de guerra,
de rodas grossas, de lagartas, com canhões incorporados.
E mais doze e mais vinte e cinco e mais cem.
E fizeram um quadrado enorme
numa zona inóspita,
onde não nasciam flores, e não havia vida.
Só fome de matar.
Uma figura sinistra e assustadora
flutuava entre o céu e a terra,
comandante de um exército que parecia não ter fim.
As armas de guerra
apareciam de todo o lado,
como se o inferno tivesse aberto as portas
e o diabo estivesse a escolher as suas tropas.
Numa imagem colorida,
os peixes correm para o pão que lhes atiram
e as árvores estão quietas.
Uma criança loira, deitada na relva, recebe o Sol nos cabelos.