O poeta dizia que sem saber por onde ir,
por ali não iria certamente.
E eu, que sem saber por onde vou
me acobardo nos trilhos da corrente.
O poeta amava o longe,
a miragem, os abismos, as torrentes e os desertos;
e eu – que nem coragem tenho para amar,
para desflorar florestas virgens…
Os poetas olham o mundo
trespassando o alcance da visão.
Se eu fosse poeta,
não iria por onde me mandam os olhos doces.
Se eu fosse poeta, saberia viver
para além dos sonhos calados.
Já teria descoberto ao que cheira o arco-íris,
de que cor se pinta o vento,
ao que sabem os malmequeres
pousados no peito de uma mulher.