Um voo de satisfação fácil e imediata,
Dilata as sinapses, em caleidoscópio de sensações,
Intencionando o sol
De um êxtase ideal,
Que possa preencher o vazio.
Quase lhe cheguei,
Até o calor derreter a substância
Das asas
E cair quebrado no chão duro.
Na tentativa de mais uma vez
Talvez seja a última,
Talvez haja consolo
Para o despenhadeiro voraz,
Mas a vergonha do tombo
Vai cavando o buraco de onde me lanço
E nunca alcanço raio de sol
Como o primeiro.
A cada queda mais decaído,
Secando a carne e o meu redor
Para fazer novo par de asas.
Não há maior sacrilégio,
Para com Deus
E para comigo,
Do que na repetição dos pecados
Desmoronar este corpo de uso único
Em estragados bocados.
Não há maior perversidade
Do que destilar o potencial
Em éter venenoso
E corroer o tempo humanamente limitado
Com espiral autofágica,
Em vão.