Sinto demasiado as dores,
de quem só teve dissabores,
durante dias sem fim.
Mas quando se acabar o papel,
para escrever o que sinto na pele,
o que irá ser de mim?
Já não sou como de início,
em que me dedicava ao ofício,
ao meu único ganha-pão.
E é duro ter de pensar
que daqui a pouco, se calhar,
já me treme demasiado a mão.
Depois de noite quero descansar
mas dormir significa acordar
e de novo encarar o sofrimento.
Quem me dera a mim encontrar
algo que me fizesse aliviar,
as dores e o desalento.