Ricardo Godinho

Pathétique

São Petersburgo amanheceu embaciada. Mirava-se nas águas do Neva, mostrando-se um tanto indefinida com toques desfocados. O céu haveria de abrir mais tarde. As formas aristocráticas retocar-se-iam, ganhando a definição eclética habitual. Corria o ano de 1865. Piotr Ilitch Tchaikovski concluía a sua formação no Conservatório Nacional. A mente genial manifestara-se desde a infância, sentado

Pathétique Read More »

Ao toque do sino

Blém-blém, blém-blém… Blém-blém, blém-blém… Não, blém não soa nada bem… Dlim-dlão! Dlim-dlão!  Dlim-dlão! Dlim-dlão!  Agora sim, em bom português, é assim que os sinos tocam. Dlim-dlão! Dlim-dlão! Este sino tagarela vive na torre, que fica na praça, que dá para a rua, que pertence à cidade, que faz parte de um país, que ninguém sabe

Ao toque do sino Read More »

Sons e tons

Na aurora dos tempos impôs-se a lei do mais forte, a sonoridade de um mundo em construção. À medida que o Homem evolui, outros sons se fazem ouvir e transformam-se em regra. Para seu deleite ou tocar o seu semelhante. Infelizmente, a obrigatoriedade uniformiza comportamentos que tornam o mundo tirano. O som propaga-se pela cidade

Sons e tons Read More »

Sétimo dia

Ao sétimo dia voltou a viúva. Voltam quase todos ao dia sete, o depois é uma incógnita. Manda-se dizer o nome na reza. Uns tustos, pensará quem cobra, e vai a alma em paz. Os preceitos da fé têm contornos curiosos. Trazia umas flores entre a cintura e o colo do braço esquerdo, uma saia

Sétimo dia Read More »

Oração

Olho, num balancear monótono e nauseado, para um mar infinito e pergunto-me onde está esse Deus todo-poderoso. Esse ou outro. Tantos deuses para louvar e nenhum acode.     Aparentemente, não chegaram as guerras feitas em seus nomes e os muitos que morreram não satisfizeram a fome do crer. Como explicar o desinteresse dos divinos por nós,

Oração Read More »