Não há dica de storytelling para dar para você ou para ninguém quando se trata de Literatura. Porém, primeiro, para vender um livro há dois fatores: escrevê-lo de forma tal que segure o leitor a partir da primeira linha e este continue a virar as páginas, e escrever sobre um assunto de interesse de um grande grupo de leitores naquele momento. Isto aqui é o mundo real. Verdade é que porcaria não vende, simples assim. Pode ser um livro de autodesenvolvimento, um romance, um autoajuda, uma biografia, um qualquer-outra-coisa que deseje publicar e, Deus seja louvado!, vender.
Segundo, para que você veja algum dia a sua obra a escorregar por sobre um balcão em direção a uma caixa registradora, ou que, pelo menos, um agente se interesse por ele, ou que chegue às mão de um editor que o levará a uma reunião editorial e a um departamento comercial que queira adquirir o seu original, você tem de parar de pensar em dicas e começar a pensar em trilhar uma carreira de muito estudo, muito trabalho, muita dedicação, imensa paciência para perceber como se estrutura um livro de verdade e como funciona a Industria do Livro.
Mas, como tenho um coração generoso, aí vai uma dica:
Não confunda storytelling com história e enredo. Comece por esquecer por ora esse modismo de ficar falando em storytelling para tudo. Storytelling, se compreendo a acepção do uso a que você se propõe, não é panaceia para vender qualquer coisa — muito menos uma boa obra literária, que deve ser degustada e ficar erguida sobre os seus próprios pés. Storytelling é “contação de histórias”, ou seja, como você vai contar, alinhar para dar prazer, encantar e (se for autodesenvolvimento ou autoajuda) inspirar e instruir o seu leitor. Promoção e Marketing é trabalho para a sua editora. Aprenda a escrever algo excepcional, não descanse até ter um texto tão bom que, além de mostrar o seu talento e a sua incrível e surpreendente criatividade, não terá nele uma linha que não leve o leitor a ficar encantado. Lembre-se que a sua obra-prima terá, depois de passar por todas as fases, de enfrentar o frio do ar-condicionado na prateleira de uma livraria. E a realidade pragmática de uma livraria pequena ou grande é cruel, implacável. E uma vez na prateleira, você não terá uma segunda chance. Muito menos, outra oportunidade de adentrar o mercado outra vez, se o livro não vender.
Em resumo: não há dica de storytelling, mas esta história mostra-lhe o caminho. Durante o tempo inteiro haverá sempre alguém que encontre mil razões para não publicar a sua obra mais do que para publicar, e não há história que você conte que vá mudar isto. O segredo é ter em mente que, tudo começa com uma história (um personagem que vai se transformar e neste processo aprender ou ensinar alguma coisa e, neste processo, o leitor aprende com ele) e um enredo (a ordenação do que acontece na história —eventos — para que o leitor perceba o onde, o quando, o porquê desta transformação). A contação da história — o seu estilo, os efeitos, os malabarismos linguísticos e tudo o mais — será apenas o enfeite, a proverbial cereja em cima do bolo. E veja: ninguém compra o bolo pela cereja. Portanto, fica a derradeira “dica”.
James McSill / Instagram: @jamesmcsill