Quem lê e escreve apreende e compreende
Que a palavra fica ferida ao ser despida do seu acento, desprovida da sua consoante
Resisto e escrevo de acordo com a Língua-Mãe, sem mutilar o seu âmago
Não é um fato, mas é de facto estranho reduzir a ato subtraindo a solenidade ao acto
Por isso escrever é resistir
Ler é mais do que um acto de resistência é um acto de existência
Existo quando me deixo levar pela leitura
Por essa janela que é cada livro
A minha casa tem muito mais janelas do que eu imaginava!
Através de cada uma delas viajo
Desembaciando lugares
No escrever deste sentir…descortino cada palavra que me habita
Ainda assim, não sei se o que escrevo é poema
Ou se é o poema que me (d)escreve
E nesta simbiose somos certeza e dilema,
existindo e resistindo numa luta que não prescreve…