Cinquenta anos, um marco na vida, faz-me pensar sobre onde cheguei e o trilho que falta percorrer.
Nesta reflexão, posso adotar as seguintes posturas: lamentar as decisões que tomei, chorar pelas experiências que não tive e queria ter, ou ficar grata pela viagem e pelas pessoas que encontrei. Todas me ensinaram.
No caminho, houve vários encontros e desencontros. Pessoas que, de alguma forma, deixaram marcas negativas, emaranhados de nós, pensamentos ruminantes, angústias.
A ingenuidade inicial, a pouca experiência de vida, o acreditar nos valores da verdade, da honestidade, do amor, fizeram-me confrontar com o menos positivo das pessoas e passar por desertos existenciais.
Todas as moedas têm duas faces. Não há uma única verdade e uma única realidade, mas, antes, há várias verdades e várias realidades.
Uma grande força na vida é podermos escolher o guião e mudar o argumento, os cenários e as personagens que contracenam connosco.
Desatando os nós, muitos laços se criaram que me deram muito amor: a família, os amigos, seres sem conta que me ajudaram a descobrir o meu eu, a encontrar quem sou.
Nos seus olhos vi os meus olhos, nos batimentos dos seus corações bateu o meu coração.
Os laços que vamos criando constroem uma manta de retalhos de afetos que enformam a vida. “Eu sou”, porque existem os outros, mas não sou “eles”. A descoberta da autenticidade, do propósito de vida é uma viagem individual.
Tantas pessoas se cruzaram comigo, entre pontes, ruas estreitas, encruzilhadas e avenidas. Não importa o que deixaram ou levaram. O mais valioso é que fizemos caminho.
Cinquenta anos de vida, novas oportunidades me esperam. Não é o fim, é o começo de novas viagens, com múltiplos itinerários. Pode ser para uma cidade do interior do país, quem sabe até Roma ou Paris.
Desatemos os nós que nos aprisionam e construamos laços que nos dão raízes e asas.