Todos passamos por situações menos boas na nossa vida. A revolta, a amargura, os “porquê eu” podem tomar conta de nós e atrasar a recuperação. No entanto, estes momentos são preciosas oportunidades para deixarmos o nosso “guerreiro interior” manifestar-se. Ao converter os sentimentos dolorosos em resignação e assentimento, iniciamos um caminho de esperança que nos abrirá as portas para novas oportunidades.
Impõe-se a reflexão: “e agora?”. O que passou ficou lá atrás, agora é tempo de repensar o que nos trouxe até aqui e percebermos como nos transformou para podermos usar as ferramentas que a nova condição nos traz. Sim, usá-las, porque, como acontece em tudo o resto na vida, devemos agir e trabalhar na direção do que queremos.
Se pensas que a resignação é algo vazio de sentido, enganas-te. Esta é o grande ponto de partida para vivermos dignamente, com alegria e em paz neste nosso novo estado. É na aceitação que o nosso guerreiro aparece com as suas armas. Deixa-o entrar e agarra-te a ele para que te ajude na caminhada. Pode ser em forma de oração, em sonhos, em desabafos, meditando, escrevendo, lendo, não importa como, o que interessa é respirar fundo, erguer a cabeça e avançar.
Convence-te de que a palavra faz o ato e a criatividade também é uma forma de trocar as voltas à anunciada morte do teu sonho, do teu corpo ou da tua mente.
És um guerreiro ─ dir-te-ão. Eu, guerreiro! Como? Não. Apenas aceitei e me abri a novas perspetivas de vida. Sim, porque aceitei o que me acontecia, para a partir daí repensar objetivos e fazer escolhas, reformular o meu caminho. Chamei a mim forças desconhecidas que até então, nunca me tinham sido apresentadas: a razão, mas também o coração e o sonho de viver.
Não é só nas grandes provações que devemos pensar assim, no dia a dia isto traz-nos um grau de tolerância que beneficia a todos quantos nos rodeiam. Aceitação e resignação são formas de promover o bem-estar, o teu e o do outro.
Tal sentir também nos conduz à compaixão, tão necessária no tempo atual.
Não confundir este sentimento com inércia, pois esta não nos leva a lugar algum, nem nos desperta o sonho e a ação. A entrega sim, faz-nos pensar e agir. É uma paragem produtiva, que nos faz recomeçar, abre novos horizontes, através do criar algo ou seguir o exemplo de alguém. Este sentimento normalmente não é aceite, porque tem por detrás de si conotação com “conformar-se” quando, na verdade, é essencial na hora da queda, escolher se nos levantamos ou deixamos que nos derrube. O nosso guerreiro, ajudar-nos-á no caminho da superação e do sonho. Usemo-lo para nos erguermos daquilo que nos derrubou através da aceitação, resignação e compaixão, por nós e pelo outro.
Em cada dia preparamos um amanhã melhor!