Ainda mal tendo começado, já o Novo Ano se nos apresenta com desafios e exigências que nos obrigam a refletir e tomar decisões. Quando nos preparamos para comemorar os 50 anos da Revolução de 25 de Abril que libertou Portugal de 48 anos de ditadura, ser livre é mesmo o lado certo para cada um de nós. E as eleições legislativas de 10 de março serão um bom momento para demonstrarmos que significado atribuímos à Liberdade, primeira e mais importante das inúmeras conquistas de Abril.
Esse tal lado certo que é ser livre permite-nos avaliar cada projeto sob apresentação a sufrágio e escolher que ideais devem representar-nos. Com o voto podemos defender os valores democráticos e rejeitar os que gritam e insultam; os que escolhem o discurso do ódio e da xenofobia, dirigindo-o aos imigrantes, às mulheres, aos homossexuais, a diferentes etnias, às minorias; os que confundem conversas de café com debate político, mentiras com “dizer umas verdades”, truques baratos com propostas sérias.
Ser livre, o lado certo para todos nós, é combatermos as desigualdades e a precariedade. É exigir que os salários assumam níveis dignos. É reforçar o Serviço Nacional de Saúde, o sistema educativo, a Segurança Social, o direito à habitação. É fazer da Cultura uma bandeira e apoiar criadores. É valorizarmos o Jornalismo como voz fundamental da liberdade de expressão e de um País, essencial para que estejamos bem formados e informados.
Mais: é a recusa do orgulhosamente sós que a ditadura exibiu. É não voltarmos atrás. É corrigir o erro de ter conferido acesso ao Parlamento a quem escolhe Bolsonaro, Trump, Salvini ou Le Pen como referências políticas. A História está recheada de lições, mais antigas ou mais recentes: nunca este quadrante político trouxe outra coisa que não fossem tempos sombrios e trágicos.
Para termos sucesso nesta missão coletiva não devemos ficar em casa, escudados na frase “são todos iguais”. É preciso que estejamos à altura de quem tanto lutou, perdeu e sofreu para termos uma sociedade sem medo. Saibamos ser cidadãos e escolher, porque a responsabilidade é nossa. O lado certo é esse: ser livre, responsável, intransigente na defesa de direitos e deveres. E permanecer vigilantes, tendo a noção perfeita de que a defesa da Democracia tem de ser feita todos os dias.