Semeias esperança nos olhos.
Não sabes se colherás frutos
ou até se o caule brotará da terra.
Persistes,
onde tudo o que sobra
é pequeno e rodeado de muros,
como se a luz fosse escassa
e o lado que os trespassa
revela fronteiras incertas,
desenhadas a régua e a esquadro.
E mesmo que escutes o ruído
das vozes que te tentam abafar,
anotas: a solidão que as enlaça
não permite espaço para o erro,
não suspende tempo para o sonho.
E se caír
e
s no asfalto
onde a sombra se entrelaça
tu, que em nada te reconheces,
levas em contramão
a mão levantada
como água a resvalar a faísca
entretanto enraizada.
E desalinhas as palavras cruas
na dança certa da verdade.