“Quem quer, quem quer casar com a carochinha?”
A felicidade encontra-se para além das nossas janelas?
“Ninguém gosta de mim”, “Ele não me faz feliz”, “Não tenho sorte nenhuma”, há quem diga, aguardando dos outros o direito a ser venturoso. Que trapalhada! Não nos conhecemos como fonte de amor, e dificilmente amamos, no sentido mais profundo da palavra. Cobramos.
Ainda hoje repercute no mundo o que há dois mil anos uma alma nobre aconselhou sobre o amor: “Ama ao próximo como a ti mesmo”. Uau! Afirmação tão poderosa que parei para me questionar: “Como medir o amor que sinto por mim?”
Afinal, quem somos? A nossa essência passa-nos de lado. Isso é mau. Desorienta-nos. Cingirmo-nos ao que mostra o cartão de cidadão, o diploma, ou a nacionalidade, não será redutor? Ficar à janela de nós mesmos e aguardar um não sei o quê?
Somos mais que um simples corpinho. Vários são os relatos e estudos científicos que nos levam a um entendimento da vida, para além do que é visível.
Pedro, desde pequeno, falava um idioma desconhecido dos progenitores. Descobriu-se que era japonês. Já adulto, ao visitar o Japão pela primeira vez, identificou uma série de lugares como se já os conhecesse.
Lara, com dois anos, afirmava que teria sido pai da sua avó. “Noutra altura” dizia ela, apresentando argumentos que deixavam a avó a pensar.
Lulu, ao acordar do coma, sorriu, afirmando que deixara de ter medo de morrer. Estivera num lugar no mundo espiritual, algo tão tangível, que o seu conceito sobre a vida além da vida mudou por completo.
Filipa tinha um amiguinho invisível. “Muito criativa, a minha filha”, justificava Sara. Um dia, a pequena saiu-se com “Está aqui um senhor que disse que continuas a ser a princesa violeta”. E acrescentou “Tem uma bengala igual à que está na arrecadação, usa os óculos na ponta do nariz e dança assim” — mostrava uns passinhos de dança iguais aos que Sara fazia com o pai, quando pequenina. Filipa não conhecera o avô que falecera dois meses antes de ela nascer. A mãe sentiu-se invadida por uma alegria incomum, pois tudo era verdade e jamais comentara com a criança o que ela relatara.
O psiquiatra e pesquisador Ian Stevenson (1918 – 2007) estudou mais de 2500 casos de crianças que disseram recordar outras existências. A sua pesquisa demonstrou que essas lembranças não seriam meras fantasias. Este e outros assuntos, entre os quais a mediunidade, vêm sendo abordados ao nível de pesquisa científica. Deste modo, tem-se vindo a levantar o véu do que haverá para além da vida física, na busca de um significado maior para a nossa existência.
É essencial sairmos do mundo das aparências, para deixarmos de cair no abismo de nós mesmos.
A dor no mundo é gritante. Não será este o momento ideal para nos questionarmos a sério sobre a imortalidade? Mudar o paradigma. Afinal, nós e os outros estamos no mesmo barco, não será?
[1] – Evangelho de Mateus 22:37-39