Eu vivo apenas.
E sonho.
Mas não tenho técnicas para voar,
como certos poetas
e amantes.
Neste estranho momento da minha vida, por exemplo,
tenho praticado o sedentarismo com irrepreensível afinco.
Os meus próprios sonhos
são velhos.
Tão velhos que não preciso de nomeá-los.
Mas todos os dias, em silêncio,
insisto neles.
Eis a minha técnica para sobreviver a estes dias:
renovar os nossos velhos sonhos
sem alarido nem alarde.