Eram casas com berços,
tapetes tecidos com cores de verão,
estendais de roupa,
colos que embalavam filhos,
desejos de mar.
Preces de liberdade, lançadas ao céu,
fantasiadas em papagaios de papel,
presos por ténues fios de esperança.
São escombros,
ossos desfeitos no trovão,
ferros retorcidos,
trapos tingidos de sangue,
almas rasgadas,
prantos mudos,
rostos aturdidos que arrastam mãos inquietas,
fome que devora a compaixão.
Não há bulício ao amanhecer,
nos colos, embalam-se retratos,
a tristeza passeia-se na desolação.
O medo!
e a noite, em combustão, mostra o céu emudecido,
cúmplice das imundices dos algozes.
A guerra alimenta-se da cegueira de quem a vê,
de quem a aceita, conformado.
de quem assiste, calado, à crueldade dos devoradores de almas,
dos que se julgam imortais.
Fátuos colecionadores de despojos,
senhores do ódio e do dinheiro,
lugar, onde a vida tem preço, em vez de valor.
Aos olhos do papagaio de papel,
que se enlaça no frágil fio da humanidade,
estamos todos no lugar errado.
No avesso do amor,
essa força que nos levantaria do chão.