São tempos para enfrentar e resistir,
Olhar em frente e fazer travessias,
Agradecer pela minha vida e existir
Manter sonhos e acreditar nas poesias.
Não sou, nem quero ser subversiva.
Quero com luta conquistar o meu lugar.
Sem nunca precisar de ser agressiva
Vou trauteando a Canção de madrugar¹.
Quem quis fazer ruir os meus ideais
Aos quais lutei com toda a minha alma?
Enterrada em vida, mas Deus deu-me sinais,
Quebrando dos meus braços a algema.
Nunca calarei o protesto da minha voz.
Ainda que suave como o miolo da noz,
Revoltar-me-ei contra quem é prepotente
Para que o sol seja para nós refulgente.
Escreverei, avivando meu grito, e minha dor.
E mesmo que a tinta se extinga da caneta,
Escreverei e direi sempre que é com amor,
Que a vida se faz bela, e é sublime festa.
¹Referência à Canção de madrugar, concorrente ao festival da canção 1970, cantada por Hugo Maia de Loureiro com letra de José Ary dos Santos e música de Nuno Nazareth Fernandes.