Autor(a):

Maria Silvéria dos Martires

Protesto de Amor

São tempos para enfrentar e resistir, 

Olhar em frente e fazer travessias, 

Agradecer pela minha vida e existir 

Manter sonhos e acreditar nas poesias. 

 

Não sou, nem quero ser subversiva. 

Quero com luta conquistar o meu lugar. 

Sem nunca precisar de ser agressiva 

Vou trauteando a Canção de madrugar¹

 

Quem quis fazer ruir os meus ideais 

Aos quais lutei com toda a minha alma? 

Enterrada em vida, mas Deus deu-me sinais, 

Quebrando dos meus braços a algema. 

 

Nunca calarei o protesto da minha voz. 

Ainda que suave como o miolo da noz, 

Revoltar-me-ei contra quem é prepotente 

Para que o sol seja para nós refulgente. 

 

Escreverei, avivando meu grito, e minha dor. 

E mesmo que a tinta se extinga da caneta, 

Escreverei e direi sempre que é com amor, 

Que a vida se faz bela, e é sublime festa. 

¹Referência à Canção de madrugar, concorrente ao festival da canção 1970, cantada por Hugo Maia de Loureiro com letra de José Ary dos Santos e música de  Nuno Nazareth Fernandes.

 

Partilhe:
AUTOR(A)
Maria Silvéria dos Martires

Maria Silvéria Encarnação dos Mártires é natural de São Marcos da Ataboeira, Baixo Alentejo. 

Enfermeira aposentada passou parte da sua vida a dedicar-se de coração aos bebés pré-termo e de termo que ainda hoje são a sua maior inspiração. Apaixonada pela poesia nela se envolve e ajuda-a a viver os dias. Do Alentejo mantém nos sentidos e na alma o cheiro da terra lavrada, e os aromas da esteva, do poejo e do rosmaninho. 

Vive em Lisboa, mas é no Alentejo, nessa encantadora planície, que tem o seu ninho. 

Publicou dois livros de poesia: «Gritos de alma na planície rasa» e «Rebentos de Poesia» e participou em diversas antologias. 

MAIS ARTIGOS