A memória é um álbum que nem sempre quer ser visto.
Páginas preenchidas por cada sílaba de uma vivência.
É como se a nossa pele falasse e atirasse o suor como selo desse registo.
Páginas. Muitas. Infinitas.
Amargas, doces
Doentias e febris
Curadoras e gentis
Afetos, abraços
Divórcios, silêncios
Corridas paradas
Quietude em tempo
Linhas coloridas rasgadas a esmo
Notícias perdidas
Sufocos respirados
Ah! A memória quando teima em fechar-se, deixa-nos nus.
Resta-me o teu olhar.
Esse mesmo, o teu direcionar.
Quando te olho
Vejo o quanto o longe é perto
E o quanto o perto é distante.
Calo-me no desentendimento
Como se partir fosse bom
Como se ficar fosse um tormento.
Um dia, um dia hás de falar
E o álbum abrir-se-á, escancarado
novas páginas ao mundo
a tua alma ditará.
Talvez, depois de voltares
do outro lado do tempo.