Editorial
Escolher o tema «Corpo aos Pecados» foi uma decisão provocadora, com a expetativa de espicaçar possibilidades criativas e reflexivas nos autores. Quiçá redentoras.
Este é um tópico que permite explorar criativamente a condição humana, trazendo à superfície questões de identidade, ligação à morte, à vida, aos desejos e aos conflitos internos — os monstros escondidos que nos habitam. A dualidade entre corpo e pecado oferece uma tapeçaria de narrativas que dissecam as tensões entre desejo e culpa, carne e espírito, proporcionando uma reflexão crítica sobre a moralidade.
Com as discussões sobre corpo, imagem, género, sexualidade, idadismo e saúde em destaque, este é um tema deveras pertinente. É nossa intenção abordar estas questões de forma literária, oferecendo novas perspetivas, ângulos e considerações.
«Corpo aos Pecados» pretende servir de mote a uma variedade de estilos e géneros, desde poesia e prosa até à ficção especulativa ou o drama, enriquecendo assim esta edição da PALAVRAR com uma diversidade de interpretações e olhares literários.
Assuntos provocadores como este estimulam a criatividade dos escritores, desafiando-os a inovar e a explorar novas formas de expressão — a viver em pleno a sua liberdade inventiva. É o que esperamos e pretendemos nesta PALAVRAR e em todas as outras. Nem mais, nem menos.
O objetivo é apresentar uma revista dinâmica e envolvente, que capte a atenção dos leitores e seja convidativa à reflexão.
A sétima edição da PALAVRAR é arrojada e está disposta a explorar as profundezas da experiência humana e os dilemas morais que nos confrontam.
Porque, como disse Lídia Jorge, «A escrita é redentora. A escrita faz com que o autor, independentemente do reconhecimento, tenha uma história de vida magnífica. (…) A literatura dir-se-ia um permanente treino da alteridade. Os escritores são seres de liberdade e de libertação dos outros». – Lídia Jorge, in jornal Diário de Notícias (2007)
Analita Alves dos Santos
Entramos no quarto ano da PALAVRAR. Seis números volvidos, proporcionamos um sólido palco para a expressão artística da palavra escrita em várias das facetas possíveis. Confesso o orgulho que sinto no trabalho feito, a confiança em toda a equipa de edição e revisão, que tanto de si tem espalhado por estas páginas, e o prazer em ver os textos de tantos autores brilharem connosco.
Ao começar novo ciclo, escancaramos possibilidades com o mote escolhido. «Corpo aos Pecados» soa a tudo, à imensidão de possibilidades e explorações que algum pudor ou superficialismo poderiam condicionar, mas que propositadamente abolimos quando o assumimos neste sétimo número.
À medida que recebi textos, espantei-me — pelo que foi explorado e pelo que continuou esquecido, pelos formatos preferidos e por aqueles que foram preteridos. O resultado que se espelha nas páginas adiante é quase um caso de estudo sobre a escrita e o que permitimos de nós, mesmo sem restrições.
Convido o leitor a degustar esta revista. A que, por cada texto, haja espaço, um momento para que as palavras assentem até que se erga o seu eco. Acredito que será possível encontrar um pouco mais de si com o que de nós aqui irá encontrar. Desfrute.
Diana Almeida