Adormecer sem escrever deixaria o dia incompleto
Queria voar no sono e deixar as palavras planar nos meus sonhos…
Desde o dia em que acordei com um poema a espreguiçar-se em rimas
Percebi o impacto das últimas palavras registadas antes de dormir
Nesta metodologia atribulada
Não sei se foi o sonho ou o poema que invadiu o meu sono
Só sei que nesse recanto onde habitam as emoções
O sonho e o poema confundem-se, saem do tempo
E vagueiam por entre livros e pétalas num etéreo folhear…
O poema é um sussurro, depois uma metamorfose…
É algo que ainda não é, mas que já mora em nós
A leitura que precede o sono é a companheira onírica
Que guia as palavras enquanto segura a alma do poema.
Não sei se sonhei ou se escre(vi)vi…
Neste devaneio do poeta sonhador
O incentivo ao prazer da leitura
Que voa para além do tempo
No inacabado livro do ser
Onde sonhamos para melhor ler o mundo
E onde lemos para melhor sonhar a vida.