Autor(a):

Maria Silvéria dos Martires

Náufrago

Ah humanidade, tão vil e solitária tu és! 

Onde tens a complacência e benignidade 

Se no teu caminhar há tormentas e marés? 

Levam-te para a morte sem dó nem piedade. 

 

Preferia não saber, e ignorar da vida todo o mal. 

És um templo em ruínas onde só ecoa a solidão,  

Como um náufrago a soçobrar que vai dando sinal 

E morre à sede e à fome em tristeza e indignação.  

 

Assombro, surpresa, dizem ou será só revelação 

Este comportamento antissocial que revela exclusão? 

Modo diferente de agir, de pensar, pode ser autismo, 

Um olhar sempre ausente caminhando para o abismo. 

 

Melancolia aguda, diferente dos valores da filantropia 

Onde a solidariedade, o bem-estar, e até a felicidade 

Caminham mãos dadas em direção à dignidade e alegria  

E deixam na alma e no coração, a esperança e a saudade. 

 

Ignorar a dor de nada adianta, vamos todos nós lutar 

Suplicando a Deus para que haja mais amor no mundo. 

Para viver em paz e tranquilidade é preciso acreditar 

Lançando sementes de amor e que  este seja  fecundo. 

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AUTOR(A)
Maria Silvéria dos Martires

Maria Silvéria Encarnação dos Mártires é natural de São Marcos da Ataboeira, Baixo Alentejo. 

Enfermeira aposentada passou parte da sua vida a dedicar-se de coração aos bebés pré-termo e de termo que ainda hoje são a sua maior inspiração. Apaixonada pela poesia nela se envolve e ajuda-a a viver os dias. Do Alentejo mantém nos sentidos e na alma o cheiro da terra lavrada, e os aromas da esteva, do poejo e do rosmaninho. 

Vive em Lisboa, mas é no Alentejo, nessa encantadora planície, que tem o seu ninho. 

Publicou dois livros de poesia: «Gritos de alma na planície rasa» e «Rebentos de Poesia» e participou em diversas antologias. 

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