Lancei meu corpo aos pecados
À luxúria, o maior de todos,
Lasciva, prostituta, chamaram-me
Minha alma cortada em pedaços
O que resta de mim nada mais é
Talvez apenas um farrapo, sombra de um ser
Atirada às feras na arena
Entregue aos animais selvagens
Que do meu corpo se saciaram
Eles não sabem…
Que o meu corpo foi atirado aos pecados
Porque os meus pais partiram
Os meus irmãos me abandonaram
Era ainda pequena
E fiquei sozinha
Abandonada num beco sujo da cidade
Alguém me agarrou pela mão
Trouxe-me para aqui
Para uma casa vermelha com luzes que me ferem os olhos
E espadas que me ferem as células
Eles não sabem…
Que dentro deste corpo marcado
Existe uma flor, um botão de rosa a florescer
Uma amora doce à espera de um beijo
Uma dor de paixão calada na noite
Um amor ressequido no ventre
A doce esperança de uma vida
A inocência de uma criança
Um sonho de amor por descobrir
Uma alma de anjo na noite
E o meu corpo ficou em pedaços


