Alimentada em veneração,
virou vício de perturbação.
O que é real?
Já não fazia distinção.
Marcada:
Era mel e fel,
melodia e fantasia,
sedução e rebeldia,
fogo e gelo,
loucura e obsessão.
Amor. Amor. Amor. Amor.
Exagero, fantasia e trama.
Ciúme, vexame e drama.
Quem disse que não se podia amar demais?
Estórias e literatura de cordel,
que nem estão descritas em papel.
Amantes,
seduzidos em Gala,
ao som das badaladas,
que se ouviam além Tejo,
transportadas para lá dos montes.
Onde havia fogo e ferro,
magia e purpurinas.
Onde se viam nebulosas de promessa,
e habitavam em abrigos de madrepérola.
Em que tempos se viveram?
Haveria reis ou princesas?
Lembro-me de ouvir um mito:
Um dragão que forjava tesouros.
Joias para cativar.
Declamava poemas para encantar.
Palavras para seduzir.
Tintas para expressar.
Bastaria o amor e governar-se-ia o mundo.
Quem era ele?
Quem fui eu?
Não sei responder.
Nem o que escrever.
Um mais um não foi igual a nós.
Mistura perigosa com explosões danosas,
as memórias são mentirosas.
Sincronismo intelectualizado
artisticamente fantasiado.
Qual Harrison,
assim diagnostico eu!
E o que sobra da estória de amor?
Lembro-me:
Havia unicórnios sim.
Fadas,
cornucópias,
nebulosas,
e auroras boreais.
Ouvia guitarras que dedilhavam ao fundo
mistérios por desvendar!
O sufoco…
A sofreguidão em me consumir.
A ausência de ar.
O peso em possuir.
As mãos no meu pescoço que insistiam em apertar.
Pois…
Agora me recordo, sei que não me lembro mais.
Mas hoje respiro melhor.


