— Senhor padre, que dizeis?!
Eu não sou uma pecadora.
— Deu o seu corpo à luxúria
A cada êxtase gozado.
— Senhor padre, eu não pequei,
Meu marido muito amei.
— Deu o seu corpo ao excesso
Com sua gula voraz.
— Senhor padre, eu não pequei,
Provei o que cozinhei.
— Deu o seu corpo à inveja
Com aromas sensuais.
— Senhor padre, eu não pequei,
Minha casa aromatizei.
— Deu o seu corpo ao orgulho
Exibindo os seios fartos.
— Senhor padre, eu não pequei,
Meus filhos alimentei.
— Deu o seu corpo à preguiça
Com gargalhadas profanas.
— Senhor padre, eu não pequei,
De vida me inebriei.
— Deu o corpo aos pecados,
A sua sina está traçada.
No Inferno vai expiar
Cada regra ultrajada.
— Senhor padre, eu não pequei,
Não poderei ser castigada.
Nada tendes a apontar,
Sou esposa e mãe dedicada.