Compasso febril de pele ardente,
cordas em tremor a vibrar na boca,
murmúrio de sereia, voz rouca,
tange o corpo em clave decadente.
Dedos solfejam na carne fremente,
arcos que entornam a nota louca,
estrofes de prazer, harmonia oca,
onde o pudor se rende ao inexistente.
Eis a moral que o gemido desafia,
timbre de lábios em ritos secretos,
requiem profano de anatomia.
No espelho do hálito, ecos discretos,
sinfonia do cio, bela, mas vazia,
onde o desejo escreve duetos.


