Na aurora dos tempos impôs-se a lei do mais forte, a sonoridade de um mundo em construção. À medida que o Homem evolui, outros sons se fazem ouvir e transformam-se em regra. Para seu deleite ou tocar o seu semelhante. Infelizmente, a obrigatoriedade uniformiza comportamentos que tornam o mundo tirano.
O som propaga-se pela cidade em cada cidadão e reverbera no seu ser
O maestro conduz a orquestra e seus andamentos. A batuta impõe que executes a sinfonia.
A regra faz-se ouvir numa melodia que dita comportamentos e exige o gesto e o instrumento. Transforma-se em parábolas entoadas pelo coro do poder e da força. Em danças ou numa cantilena repetitiva e dormente.
Começa num andamento lento que vai aumentando a cada etapa do caminho. A melopeia marca o compasso das palavras. A voz imprime-lhes o som que a faz pulsar. Tens de compreender, avançar e escutar para continuar a execução. Começas a questioná-la.
O contrarregra anuncia a tua entrada no palco. Que se cumpra a palavra num timbre universal! Sopra forte, mas soma descontentamento.
As palavras começam a chocar entre si e geram torrentes de desejos e manifestações numa cacofonia de instrumentos vocais. Nada mal, para aqueles que se unem numa mesma causa.
Isto não agrada ao maestro que escala o andamento. Torna-o em tempestade que derruba tudo quanto se opõe. Convoca um tornado que tudo arranca, progride na terra e eleva-se aos céus numa espiral de breu e tremor.
Não contente, chama as ondas do mar que se unem. Formam um “tsunami” de ideias em marés que tudo alagam.
A superfície da terra fica deserta e propícia a recomeços. Ecoa o vazio.
O último sobrevivente, cheio de esperança, reconstrói tudo o que a regra destruiu, num andamento saltitante. O maestro promete ao Homem que o ajudará na missão. Buzina-lhe ao ouvido sons, tons e aromas do Paraíso. Dá-lhe poder e torna-o ambicioso. Quer dominar o outro e o mundo. Chama a si a lei da conveniência que, disfarçada de bem, a todos arrasta.
Esmaga a liberdade, aprisiona os que a seguem e incendeia um povo. Sobreviventes? Talvez! Noutro planeta com outros andamentos.
Procura-o e encontra nele uma comunidade onde se fixa.
Onde há um homem, há hábitos, regras, ambição, poder e o desejo de dominar o outro.


