A opacidade do teu olhar luciferino
infunde-me terror
quando me espias do fundo da rua
expurgando todo o ódio febril de que te compões.
É sibilino e perene o teu esgar ao canto da boca
na certeza antecipada de que caçarás
e esquartejarás a presa
num festim mórbido e desaustinado
entregando aos deuses pagãos
o Cordeiro Sacrificial como oferenda.
Obstinado, róis os ossos da alucinação
e os que restam calcina-los
e oferta-los aos ventos agrestes
que os consomem numa gula insolente.
E eu permaneço num sono letárgico, quase morte
até que a muito custo renasço das cinzas
nas asas da Fénix e revivo noutro corpo
encarnando um fadário ininterrupto.