Autor(a):

Liliane Beijoca
Resistentia Poetica

Cadela Feminina

Na subjetividade efusiva do desejo,

Vaidade eruptiva constante,

Crio a realidade em tons vivos,

Capto o pesadelo em tela diagonal.

Escrevo para o horror, o feio e o mau,

Enlaço sentimentos malfadados,

De cruz anel e cordão.

 

Cadela feminina voraz,

Presa sem perdão, origem ou religião.

Já disse e volto a dizer,

Aqui não há poetisa, há poeta.

Paleio com ou sem rimas,

Estas que me saem libertinas na ponta da caneta.

Escarradas do cérebro,

Eufórica escrita,

Disrupção do pó, do poder e da política.

 

Sou da plebe feminista que ainda acredita,

Ainda pensa que é alguém,

Por isso escrevo, pessoa feminina,

Maternal sem mãe,

Casual e humana, imoralidade mortal da mortalha.

 

Sou castrada,

Sem reconhecimento ou colhão,

Cativa da sociedade, em pé de igualdade com a beata fumada,

Deixada de lado na calçada,

Varrida e usada,

Desapareço depois de acabar.

Ninguém mais pensa em mim.

 

Mulher grave,

Poeta,

Com o olho negro,

De olho na letra.

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AUTOR(A)
Liliane Beijoca

O meu nome é Liliane Beijoca, nasci e cresci em Évora numa quinta com os meus pais.

Comecei a escrever desde muito cedo e a encontrar-me nas palavras e nas histórias que criava. Estes mundos que fui alimentando, acabaram por se tornar um escape da realidade e o meu lar.

Perdi a minha mãe muito cedo, aos 18 anos, e esta escrita que era romântica e alegre transformou-se em algo mais sombrio, sentimental e cru.

Escrevi um livro de prosa poética denominado ‘’Réquiem a Mim’’ inteiramente para ela…e para mim!

Hoje em dia, poder expressar-me tornou-se algo extremamente importante, para me entender e também me dar a conhecer a um mundo de que outrora tive medo de fazer parte.

Sofro de transtorno bipolar, o que molda também não só a maneira como vejo as coisas, mas também as minhas palavras e histórias.

Não sei muita coisa sobre o meu futuro enquanto escritora e artista, apenas que preciso de me expressar, e de ser lida, não apenas pelas minhas palavras, mas também pelo meu ser, aquele bocadinho de mim que se encontra em tudo o que produzo.

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