penso e reflicto
digo em voz alta para perceber-lhe o alcance
tomo-lhe o peso para sentir a leveza
apalpo o rebordo para partilhar meu calor
com esse naco do cosmos que me caiu no colo
vindo de antes
ficando no agora
.
de olhos fechados
escuto a ondulada maré das ideias.
.
apuro o olfacto
para me entregar ao odor da pele.
.
pouco mais diria
usando palavras signos limitados
.
esse naco do cosmos aninha-se em mim
escolhe o meu colo para ser presença.
.
vindo de antes
ficando no agora
desprende-se, esse cosmos, em salpicos de brilho
luz na raiz da luz
dispara-se a emoção de a vida ser sempre viva:
mesmo quando vem ou se entrega
ela sempre está indo para depois.
do poema: Maria Toscano. Casa da Marina, Figueira da Foz, sexta 13 de Jan/2023.
A autora não escreve com o Acordo Ortográfico de 1990


