Autor(a):

Matilde Lopes
Resistentia Poetica

Sempre à espera de ser

Sempre à espera de ser

Encostas-te ao alpendre remoendo

Os dias em que nada se fez

E o homem que não disse nada

Quando ao passar sorriste

E no gato que morreu

Quando as telhas apodreceram

À espera da chuva

Que não molhou ninguém

Nem a erva cresceu

Nem morreu na valsa lenta

Com as nuvens a passar

No redemoinho das lágrimas

Que molham os lençóis.

 

Aquelas mãos que já não seguram nada

Não são só a ti que vacilam

Porque o vazio também ampara

Embora aqueles braços já nada carreguem

Da dormência de te segurarem

No teu sono.

Nada pesa sobre ti

Só a água que corre quando entras no rio

E desejas que a corrente te esmague

Sem um bilhete

Nem nenhuma voz ao fundo

Só a água, só o rio.

 

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AUTOR(A)
Matilde Lopes

Chamo-me Matilde Lopes, sou natural da ilha de São Miguel e, atualmente, sou estudante universitária na área da Literatura Portuguesa. 

Comecei a escrever, por volta dos quatorze anos, pequenas histórias e alguns poemas, quando despertou em mim o amor pela Literatura. Neste momento, pretendo começar a publicar alguns escritos. 

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