Rasga-me
a paz deserta na qual me deito
num amargo afago que me consome.
Os gritos que a noite abafa são meus,
a insónia sobre a almofada
pertence-te.
Nenúfar algum poderá suportar
o peso da saudade
que só o dia disfarça.
Quando os teus lençóis me veem,
engolem a minha triste certeza
dos outros corpos que contigo dançam.
E mesmo assim regresso a essa amada aridez.


