Menina, a paz da tua infância foi degolada por:
rostos enlameados, desfigurados, queimados pela fome e pela sede,
roupas rasgadas, pés despidos,
corpos trucidados e atirados para covas,
mulheres leiloadas, vendidas como escravas,
ventres grávidos trespassados, bebés afogados,
mãos suplicantes, inaudíveis aos céus.
Caminha menina, enquanto recordas:
os campos salpicados pelas papoilas rubras,
a neve que adornava a montanha,
as brincadeiras nos estábulos,
os cantos das crianças,
o cavaquear dos velhos,
e os bordados desenhados na lareira da memória.