Na subjetividade efusiva do desejo,
Vaidade eruptiva constante,
Crio a realidade em tons vivos,
Capto o pesadelo em tela diagonal.
Escrevo para o horror, o feio e o mau,
Enlaço sentimentos malfadados,
De cruz anel e cordão.
Cadela feminina voraz,
Presa sem perdão, origem ou religião.
Já disse e volto a dizer,
Aqui não há poetisa, há poeta.
Paleio com ou sem rimas,
Estas que me saem libertinas na ponta da caneta.
Escarradas do cérebro,
Eufórica escrita,
Disrupção do pó, do poder e da política.
Sou da plebe feminista que ainda acredita,
Ainda pensa que é alguém,
Por isso escrevo, pessoa feminina,
Maternal sem mãe,
Casual e humana, imoralidade mortal da mortalha.
Sou castrada,
Sem reconhecimento ou colhão,
Cativa da sociedade, em pé de igualdade com a beata fumada,
Deixada de lado na calçada,
Varrida e usada,
Desapareço depois de acabar.
Ninguém mais pensa em mim.
Mulher grave,
Poeta,
Com o olho negro,
De olho na letra.