O quarto continuava escuro e o cheiro parecia pior. Água estagnada ou terra molhada.
Estava na ponta da cama, de pés cruzados e joelhos na testa. No chão, estavam poças criadas pela água que escorria do cabelo. As mãos estavam brancas e apertavam a pele das pernas com força, como se quisessem gerar calor. Deixavam marcas pretas. A ausência de movimento era constante. O frio, a água, o escuro. Interminável.
No quarto ao lado, a mãe chorava. O pai olhava para a televisão. Na manhã seguinte, alguém começou, finalmente, a pôr os brinquedos em caixas.


