Preferia que não conhecessem, ó versos virgens,
os escarcéus da minha alma.
Não, tal qual se impõe: mornidão dos ósculos do sentir.
Por favor, ó Deus, restitui-me a brandura e a calma,
traz aos meus dias a urgência de tão-só saber existir.
Fiz morada incerta no Hades do descontentamento,
achando por bem perpetuar lá a minha tão obstinada petulância.
Mas ao perder-me, senti a necessidade de encontrar-me,
descendo do pedestal da minha arrogância.
Preferia que não conhecessem, ó versos virgens,
o cheiro a cipreste que norteia toda a minha existência.
Conjuro-te, ó dono dos céus e da terra,
que, de mim, noite e dia, tenhas clemência.


