Autor(a):

Ana Ribeiro
Ana Ribeiro

Preferia que não

Preferia que não conhecessem, ó versos virgens,

os escarcéus da minha alma.

Não, tal qual se impõe: mornidão dos ósculos do sentir.

Por favor, ó Deus, restitui-me a brandura e a calma,

traz aos meus dias a urgência de tão-só saber existir.

 

Fiz morada incerta no Hades do descontentamento,

achando por bem perpetuar lá a minha tão obstinada petulância.

Mas ao perder-me, senti a necessidade de encontrar-me,

descendo do pedestal da minha arrogância.

Preferia que não conhecessem, ó versos virgens,

o cheiro a cipreste que norteia toda a minha existência.

Conjuro-te, ó dono dos céus e da terra,

que, de mim, noite e dia, tenhas clemência.

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AUTOR(A)
Ana Ribeiro
Ana Ribeiro

Rasuro o papel, em busca de uma explicação, sinto um gosto amargo a fel quando a tento suprimir, mas em vão.

Desde 2008, praticamente todos os dias ela grita, procurando um lugar no mundo, só eu sei como ela se agita, na epiderme da pele e no profundo.

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