Juntos, o dia passa em vibrações,
que desaparecem num segundo e
desconfiamos do tempo.
Mas, quando cai a noite, estamos sós,
em blocos unidos com coisas sem nome,
parede do último fôlego
barreira sem alinhamento,
sem pinturas em janelas enclausuradas.
Acumulam-se as agitações.
Aceleramos o processo, a luta,
para que o tempo não nos fuja,
como aquela memória perdida,
que insiste em ser vida,
mesmo quando já sepultada.
Resgatam-se os cheiros, o som dos ribeiros.
Urge deixar semente num mundo ausente.
Quebram-se os vidros, as promessas,
Mas não as marcas na palma da mão,
a mesma que mastiga palavras
em folhas mais rasuradas:
esperam às portas fechadas.
Mais tarde ou mais cedo,
uma brecha
deixará
passar
a
luz.


