O Lado Certo

Esta pergunta me persegue: estive eu do lado certo ao aconselhar os autores com quem trabalhei?

Após quase cinco décadas trabalhando com inúmeros autores em pequenos mercados, como Portugal e Noruega, em mercados médios como o Brasil, México e Espanha, e grandes mercados, como o americano e japonês, sei bem o quão desafiador pode ser escolher o caminho certo para publicar o teu livro. Já vi de tudo: desde autores estreantes cheios de esperança até escritores experientes em busca de novas oportunidades.

Independentemente do teu nível de experiência, a decisão entre publicação tradicional, publicação de vaidade e autopublicação nunca é fácil. Cada opção tem os seus próprios prós e contras. Como autor, precisas de avaliar cuidadosamente os teus objetivos, recursos e preferências antes de escolher qual caminho seguir.

Vou partilhar contigo a minha perspetiva sobre as principais vantagens e desvantagens de cada opção, com insights adquiridos ao longo de décadas a trabalhar lado a lado com autores.

A publicação tradicional ainda é considerada por muitos como a forma mais prestigiosa de publicar um livro. Ter o aval de uma editora grande traz validação e abre portas para uma distribuição mais ampla. No entanto, é um processo demorado e competitivo, sem garantia de sucesso. Precisas de paciência e persistência para conseguir um agente literário e fechar um contrato com uma editora. Além disso, há a questão do controlo criativo. Editores tradicionais frequentemente pedem mudanças no manuscrito que podem não estar alinhadas com a tua visão original. E as taxas de royalties costumam ser menores do que nas outras opções. Por outro lado, beneficias do know-how de profissionais experientes que trabalharão para aprimorar e promover a tua obra.

Já a publicação de vaidade permite publicar o teu livro de forma rápida e garantida, mas exige um alto investimento financeiro. Pagas pela edição, design, impressão e tudo mais. Algumas empresas fazem promessas mirabolantes, mas não entregam em termos de qualidade, distribuição e reconhecimento no mercado. É preciso pesquisar bem, antes de escolher um serviço de publicação de vaidade. Por sua vez, a autopublicação vem ganhando força graças às plataformas digitais que democratizaram o setor. Manténs o controlo criativo total e também podes lucrar mais, retendo uma fatia maior das vendas. Mas todo o trabalho de edição, promoção e distribuição fica ao teu cargo. Requer dedicação extra, mas vale a pena para muitos autores.

De tudo o que aprendi ao longo dos anos, o mais importante é definir claramente os teus objetivos antes de escolher um caminho editorial. Pergunta-te: buscas validação da indústria ou liberdade criativa? Queres maximizar os teus ganhos ou alcançar mais leitores? Qual é o teu orçamento? As respostas ajudar-te-ão a tomar uma decisão informada. Também é essencial fazer uma avaliação crítica do teu manuscrito. Se for um texto muito comercial, a publicação tradicional pode ser o melhor caminho. Já obras muito específicas talvez se saiam melhor na autopublicação, com marketing direcionado. Pede feedback de leitores e profissionais para entender como o teu livro será recebido. Não existe resposta certa ou errada. Cada autor tem motivações e circunstâncias únicas. O panorama editorial está em constante transformação. O fundamental é escolher o caminho que parece certo para os teus objetivos no momento presente, mesmo que mudes de ideia no futuro.

Se optares pela rota tradicional, tens de te armar de paciência. Encontrares um agente e fechares um contrato com uma editora grande pode levar anos. Está aberto a feedback e sugestões de mudança que visam tornar o teu livro mais comercial. Foca nas editoras especializadas no teu nicho. Já a publicação de vaidade requer cautela. Analisa a fundo os serviços prestados e reputação da empresa, além dos custos envolvidos. Muitas prometem demais e não entregam. Compara-te com outros autores que usaram o serviço. E tem clareza sobre como irás promover e distribuir o teu livro depois. Por fim, a autopublicação exigirá mais trabalho independente. Precisarás de contratar profissionais para revisão, formatação e design ou aprender a fazer tudo sozinho. Faz um planeamento detalhado de estratégias de marketing, lançamento e promoções. Usa as plataformas digitais a teu favor para encontrar os teus leitores.

Seja qual for o caminho escolhido, o importante é que esteja alinhado com os teus objetivos como autor neste momento da tua trajetória. Com planejamento, persistência e uma dose de paciência, serás capaz de publicar o teu livro com sucesso. E lembra-te: não existe uma opção permanente. Podes sempre explorar outros caminhos editoriais no futuro. Desejo-te uma jornada editorial gratificante e plena de realizações!

James McSill / Instagram: @jamesmcsill

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AUTOR(A)
James McSill
James McSill

James McSill é um escocês multilíngue (fala português, CEO do McSill Story Studio, com sedes na Inglaterra, Escócia e Portugal. Atua em todos os continentes em parceria com o D.I.T — Departamento de Negócios Internacionais da Inglaterra. Com mais de trinta livros publicados, James McSill é o único consultor de histórias a estar presente em todos os continentes, fala diretamente a mais de vinte mil pessoas ao ano, ajudando dezenas de profissionais a lançarem livros ou a avançar as suas carreiras e a empresas contar histórias que incentivam a venda de produtos e serviços. Por meio das suas criações e consultorias no campo do entretenimento (TV, Teatro e Cinema), a sua voz chega a atingir mais de cem milhões de pessoas ao redor do mundo, muitas vezes, em um único mês.

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