esta é. a alvorada.
sagrada renúncia à efemeridade à letargia & tornar cada noitada o extenso lânguido sibilo do saxofone de coltrane amor supremo amor supremo amor supremo! arrebata a imortalidade e a imprevisibilidade das garras das fatídicas estatísticas
por favor não desesperes mais
até que os nossos segundos se tornem fatais
oh genuíno doloroso poderoso amoroso destino
não empacotado para prolongar a vida de prateleira
não executado para chegar à certeira satisfação
não apregoado por quem erra de escritórios para peditórios e templos
não invocado para dividir a terra em fronteiras ou barreiras ou lixeiras &
o que protege também captura
amo-vos mal pagas empregadas de limpeza saem da casa às cinco da manhã para regressar às intermináveis vinte e duas horas quebradas mas inquebráveis
amo-vos estafetas que conhecem os recantos da cidade como a mãe conhece os refegos do recém-nascido
amo-vos jovens que dedicaram a vida a estudar a quem não resta nada que não a exploração e a submissão total e absoluta mas fazem de tudo uma luta
amo-vos putas e gigolos strippers e acompanhantes que se oferecem para colmatar a implacável sofreguidão dos yuppies que não sabem lidar com a frustração de esbanjar a existência para ter dinheiro para esbanjar
amo-vos crianças e adolescentes que herdarão esta sociedade decrépita e caquética
amo-vos freaks punks rastas sem-abrigo artistas dreads escritores actores beats rappers revolucionários filósofos junkies drags monges ermitas filósofos
amo-vos neste esquema de pirâmide que dizem democracia como na comuna não desperdiçar o dia na busca de fortuna e cumprir a profecia de sun tzu:
di/vi/dir/ para rei/nar
imolar-me
no ardor do nosso supremo amor
enquanto chama